Exemplo da Nazaré em discussão no Congresso Mundial de Prevenção do Afogamento
A Praia da Nazaré voltou a estar em destaque no panorama internacional da segurança aquática com a apresentação do estudo conduzido pelo nazareno Daniel Meco, que analisou o impacto do Dispositivo Anual de Segurança Aquática criado no concelho em 2017 durante o Congresso Mundial de Prevenção do Afogamento (WCDP 2025), que decorreu em Sharm El Sheikh, no Egito, entre 21 e 23 de novembro.
A investigação, apresentada esta semana perante especialistas e entidades ligadas à proteção civil e ao salvamento, coloca em evidência o trabalho pioneiro desenvolvido na Nazaré e demonstra, com dados concretos, como a presença permanente de nadadores-salvadores eliminou por completo as mortes por afogamento na praia desde a sua implementação.
O estudo recorda que, antes de 2017, a Nazaré registava uma média de oito mortes por ano, tendo atingido um pico de dez vítimas mortais nesse mesmo ano. A criação do dispositivo, numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal da Nazaré e da Associação de Nadadores-Salvadores da Nazaré, respondeu à necessidade de reforçar a vigilância num areal marcado por correntes fortes, risco elevado e, mais recentemente, por uma afluência crescente provocada pela fama mundial das ondas gigantes.
Em permanência entre as 10h00 e o pôr-do-sol, ao longo de todo o ano, o dispositivo integra uma equipa fixa de cinco nadadores-salvadores, apoiada por uma torre de vigilância, motos 4x4, viaturas de apoio, comunicação integrada e protocolos com bombeiros, INEM, GNR e Autoridade Marítima. Segundo os dados apresentados, desde a entrada em funcionamento deste modelo não ocorreu qualquer morte por afogamento na Praia da Nazaré, apesar do aumento expressivo de banhistas, inclusive fora da época balnear. O estudo mostra também que a procura pela praia cresceu paralelamente à maior exposição mediática das ondas gigantes, obrigando a uma capacidade de resposta reforçada e permanente.
Na sua intervenção, Daniel Meco, coordenador-geral da ANSN, destacou a importância de um dispositivo ativo durante todo o ano, sublinhando que o modelo da Nazaré é hoje uma referência nacional por aliar prevenção, vigilância e rápida intervenção. Apresentou os dados operacionais recolhidos entre 2017 e 2025, demonstrando que a resposta integrada entre nadadores-salvadores e entidades de emergência permite tempos de resposta muito reduzidos e uma redução total de mortalidade.
O dirigente salientou que o aumento da afluência turística provocado pelas ondas gigantes trouxe novos desafios, exigindo meios adequados, formação contínua e capacidade logística. Defendeu ainda o reforço de infraestruturas, mais torres de vigilância e o alargamento das equipas, bem como a possibilidade de replicar este modelo noutras praias com características semelhantes. Encerrou sublinhando que a prevenção e a vigilância permanente são o único caminho eficaz para garantir segurança numa praia tão complexa como a Nazaré.
